A culpa de ser mãe.

Não sei como as outras trocentas mães se sentem, mas eu me sinto constantemente culpada. Me sinto culpada se levo meu filho pra creche e ele chora por dez minutos quando o deixo lá (mesmo que, depois desses minutinhos, o choro acabe e ele vá correndo brincar no espaço do berçário), me sinto culpada se preciso deixar ele com minha mãe ou minha sogra pra ir pra faculdade (não consegui horário compatível com o da creche, então duas vezes por semana ainda me ausento por mais duas horas pra assistir aula), me sinto culpada quando não aguento mais ficar correndo atrás dele pela casa e quero umas horinhas de descanso fazendo alguma coisa "de adulto" (tipo comer em paz, ver um filme em paz, ouvir uma música em paz)... 

Gente, isso é um saco. Muita gente já me falou que é normal ter que (e, às vezes, querer) se afastar dos filhos e que isso não deve gerar nenhuma culpa. São exigências do mundo de hoje, são exigências de dentro de nós mesmos. Eu me esforço pra passar o máximo de tempo possível com meu filho e, muitas vezes, no fim do dia quando ele finalmente dorme, eu ainda sinto culpa de não ter podido fazer isso ou aquilo que eu deveria ter feito com ele ou por ele (mesmo sendo inviável e eu sabendo disso). 

Sempre me pergunto quando essa maldita culpa de ser mãe vai passar. Porque estressa, né? Meus cabelos estão caindo (tô tendo que fazer um tratamento por conta disso)! É assustador... Tem que ter um momento em que eu não vou sentir mais culpa e vou me achar uma ótima mãe mesmo não podendo ser uma "super mãe dedicada ao filho vinte e quatro horas por dia durante sete dias na semana". Eu quero parar de me sentir culpada por querer passar um tempo com o meu marido, por querer jantar com calma, por querer dormir um pouco mais num domingo, por precisar estudar (muitas vezes eu quis largar essa coisa de me formar por conta dessa culpa)... 

Acho que a culpa só passa quando a gente relaxa e vê que não tá errado fazer isso. Eu não sei como atingir esse ponto, infelizmente. Eu vejo tanta mãe vivendo como eu gostaria de viver, fazendo as coisas que quer e precisa fazer sem culpa... A vida não acaba porque o filho nasce. Mas, às vezes, a minha parece ter acabado...

Por mais que eu repita, como um mantra, que não quero ser uma "super mãe" (e muito menos quero que a palavra a me definir seja "mãe", porque eu realmente acredito que eu sou muito mais que isso), sempre me sinto culpada se não tento ser "a melhor mãe do mundo que abriu mão da sua própria vida em prol da criação de um filho". Chega. Eu não quero ser isso, eu não quero ser assim...