Não sei o que é ser atleta olímpico. Aliás, não sei nem o que é ser atleta, visto que nunca pratiquei um esporte com a dedicação que acho necessária para merecer esse título. Mas imagino que ser atleta olímpico é um pouco como ser mãe.
Ser atleta olímpico requer dedicação. Muita, muita mesmo. Requer amor, requer carinho, requer paciência. Requer tentar inúmeras vezes e, com isso, errar inúmeras vezes também. É, é como ser mãe. A cobrança é grande, por parte dos outros e de nós mesmos, mães e atletas olímpicos. Queremos sempre o perfeito, o "flawless", a medalha de ouro. Acreditem, buscamos dar o melhor de nós mesmos sempre.
O que acontece - e muito! -, é que o melhor que podemos fazer nem sempre é o melhor que agrada a massa. Quantas críticas já recebi - e ainda recebo - por conta da criação que dou ao meu filho, por conta do meu jeito de ser e de como isso o afeta... E quantas críticas os atletas olímpicos recebem por não se classificarem para tal etapa, por não ganharem a tal da medalha de ouro... Quantas pessoas se esquecem que fazer parte dos jogos olímpicos já é dar o melhor de si, já é resultado, já é "medalha". Quantas pessoas se esquecem que cada mãe é uma mãe, com ideias próprias, sentimentos próprios, crenças próprias. É, somos mais semelhantes do que vocês imaginam.
Tenho um respeito enorme por todos os desportistas brasileiros que nos representam em Londres. Foram muitas seletivas, muitas competições, muitos treinamentos, muito sofrimento (seja com falta de investimento, de recurso ou físico mesmo, cansaço, lesões) para caber numa vaguinha entre tantos outros que se destacaram nas suas modalidades. Todos somos campeões. Nós, mães, que enfrentamos nossas próprias competições diárias para prover, educar, cuidar da melhor forma possível nossas crias e eles, atletas brasileiros, que chegaram a Londres e inseriram seus nomes na história dos jogos olímpicos.
"Somos quem podemos ser", diria H.G., e fazemos o que podemos fazer. Talvez não estejamos sempre no pódio, como tantos esperam, mas não somos menores, mais fracos ou menos obstinados por conta disso. Eles chegaram lá. Eles merecem nosso respeito e nosso apoio. Eles merecem nosso carinho e merecem saber que a fé que depositamos neles não desapareceu se o pódio não veio.
Espero que os brasileiros compreendam que o espírito olímpico é muito maior que uma medalha de ouro e espero que isso seja antes que os jogos batam na nossa porta, em 2016. Espero que aprendamos a respeitar e valorizar quem luta diariamente pelo esporte que pratica e representa o país com isso. Sim, no Brasil, praticar um esporte "profissionalmente" é uma luta.
Pensem no amor, na dedicação, no carinho e no respeito das mães. E pensem, só por um instante, em como isso é muito parecido com o que esses brasileiros que vestem seus judo-gis, seus uniformes, seus trajes de natação, vivem.
Na minha casa não tem isso de "Bronzil" não. Tem respeito, tem admiração e tem orgulho. Tem desejo de ver todas as modalidades esportivas crescerem mais e mais, tem esperança de que em 2016 seja tudo muito bonito e digno desses guerreiros que nos representam.
Parabéns, Brasil, parabéns!
Nenhum comentário:
Postar um comentário