21 de dezembro de 2011

A mãe do Eduardo.

Confesso morrer de inveja dessas recém-mães que parecem estar "super bem". Ontem fui a uma consulta com a dermato, cuja filha é um mês mais nova que meu filhote, e lá estava ela magra, sem olheiras, impecavelmente penteada, de salto... Enquanto eu estava toda desgrenhada, suada da correria de ter que ir e voltar o mais rápido possível dos lugares porque dependo da minha mãe ou da minha sogra pra poder sair sem meu filho, com olheiras enormes, cara de quarenta em plenos vinte e seis. É, morro de inveja mesmo.

Às vezes eu choro no banho (tem que ser no banho, porque fora isso tem sempre alguém por perto) por não conseguir ser uma dessas mães "plenas" que está sempre "ótima", arrumada, com cara de descanso, sem culpa de ter que deixar o filho com babá/creche/avó pra poder fazer as coisas que precisa/quer fazer. Não consigo. Me transformei na "mãe do Eduardo" e deixei de ser a Ana Paula. E, cá entre nós, não gosto disso. Sinto falta de ser eu, de estar em paz comigo mesma, mais satisfeita, mais contente... Mais relaxada.

Ouvi duas vezes hoje que eu não tenho que passar a ser "a mãe do Eduardo" só porque o Eduardo veio ao mundo. Eu tenho que ser a Ana Paula, uma pessoa que tem qualidades e defeitos, que estuda, que procura se cuidar como pode, que sai, que faz o que precisa e quer fazer, que adapta a sua rotina mas que não joga ela pra escanteio porque tem um filho. Ter um filho não pode ser o fim de tudo que existia antes na vida. Ter um filho requer algumas adaptações, mas não a completa extinção de quem se é.

E eu tenho praticado a extinção de quem eu costumava ser. Vivo achando que preciso viver pelo meu filho, fazer absolutamente tudo, ser uma "super mãe" que dá conta de tudo o tempo todo, que corre, que vai infartar qualquer dia por conta de tentar estar em dois lugares ao mesmo tempo (ou, pelo menos, com o menor intervalo de tempo possível) porque precisa estar vinte e quatro horas com o filho ou os outros vão criá-lo por ela, blá blá blá. 

Respira, Ana! 

Espero que os "sermões" de hoje sobre isso realmente tenham aberto meus olhos e meu coração. Pela minha saúde física e mental, sabem? Porque aceito adaptações, mas não devo aceitar a morte da minha essência, da minha personalidade, dos meus gostos e de alguns dos meus ideais... Não devo.

Do que eu preciso é lembrar, me ver
Antes de te ter e de ser teu
O que eu queria, o que eu fazia, o que mais? (LH)

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