21 de janeiro de 2013

Sobre maternidade, suas (muitas) agruras e a tv fora do ar.


Acabo de ler um texto muito bacana sobre "o lado B da maternidade", ou seja, o lado não feliz e colorido que ninguém nunca compartilha porque: 1) tem vergonha; 2) tem medo; 3) é moralmente incorreto; 4) prefere fingir que não existe; 5) é um cyborg e não sente nada; 6) acha que é frescura sentir esse tipo de coisa (a minha querida professora de pilates me disse, dia desses, que era frescura dizer que criar filho é difícil porque a irmã dela estava tirando de letra a criação da sobrinha, de um ano e meio. eu sorri e acenei porque ela é uma pessoa bacana, apesar desse comentário, e eu não pago duas aulas por semana pra me indispôr.). Quando meu filho nasceu, eu me vi presa nessa maldita montanha russa emocional da qual ninguém poderia me salvar. Ninguém, ninguém  mesmo. Não dormir,  não comer, não poder tomar um banho decente com uma lavagem capilar digna, não poder sair de casa (ou poder sair com um "pingente" por determinado tempo sem conseguir entrar num provador, experimentar um sapato, comer usando os dois talheres, etc), etc, foram demais para a minha adulta pessoa. Foram demais mesmo. Tanto que tudo o que me restou foi comer todo o tipo de porcaria cheia de gordura e açúcar (e de fácil acesso) que me causasse imediata sensação de bem estar porque, de qualquer outro jeito, a coisa não rolava. Conclusão dessa "brincadeira": engordei mais do que durante a gravidez. 

Verdade seja dita, a gravidez foi traumática porque me trataram como uma delinquente juvenil até certo ponto dela, mas quanto aos inchaços, diarréias, vômitos, insônia e todas essas coisas que relatam como "sintomas", foi tranquilo. Tive uma gravidez ativa. Frequentei a academia até o oitavo mês. Pois é, eu frequentei academia grávida e tenho preguiça de frequentar agora, não grávida. Mas, assim, quando me descobri grávida, eu topei de tudo e mais um pouco pra ficar "em atividade" já esperando perder boa parte dela quando meu filho nascesse. Aí eu saí um monte, fui ver mil filmes no cinema (nossa, como sinto falta de poder ir ao cinema sem me preocupar em voltar hora X, hora Y, sem ter que calcular o tempo da sessão, se tenho ou não direito a jantar/almoço/lanche com o marido antes ou depois do filme, etc...), fiz pilates até ficar "dobrável", almocei e jantei fora com calma e tranquilidade quase todos os dias, bati muita perna em shopping, etc. Ah, e dormi. Dormi muito. Hibernei. Ai, que saudade! 


Mas depois que Dudu nasceu, nossa... Caos total. Logo na maternidade, depois da cesárea, que foi altamente recomendada pela obstetra (gente boa, tranquila, recém-mãe e tal, passou muita confiança só nisso e então nem fiquei me grilando se era pra ela ganhar mais, etc e tal.) por conta da minha pressão 12/18 ou qualquer coisa próxima a isso, cheia de dor e muito cansada (porque cesárea cansa, tá?), não dormi porque, né, PRECISAVA ficar acordada vinte e quatro horas por dia porque um bebê recém nascido não sabe fazer absolutamente nada sozinho. Ou seja, os dois dias de maternidade que seriam, supostamente, os últimos de descanso antes de encarar os meses seguintes na minha casa sem enfermeiras/auxiliares/babás/etc, foram de cansaço e tensão. Enquanto isso, meu marido jogou joguinhos online e dormiu no sofá do quarto, como se não houvesse bebê. Hehehehe... Hoje eu rio de lembrar, mas confesso que ainda não consigo entender. Essa coisa de bebê não atinge mesmo aos homens como atinge a nós, mulheres. É uma loucura.

Os meses seguintes foram tipo um inferno astral sem horas de sono. Quando conseguia dormir duas horas seguidas, era acordada por um bebê gritante com fome. Amamentar é um capítulo a parte, mas posso adiantar que o dia mais feliz de todo o processo foi o dia que meu leite secou. É, a experiência foi péssima pra mim. E não que eu seja contra a amamentação, afinal, eu até tentei por dois meses e meio com todo o sofrimento possível e imaginável, mas se eu pudesse escolher (hoje escolho não ter mais filhos, hehehe!), não teria amamentado. Por um tempo defendi a amamentação como questão de escolha, mas entendo que antes de tomar a decisão de não fazê-lo (a menos que seja uma indicação médica), é preciso tentar. Não exaustivamente, claro. Mas tentar um pouco e ver se é ou não pra você e pro seu bebê. Pra gente não era. Nem ele se alimentava direito e nem eu estava bem com aquilo, então o leite "artificial" foi a decisão mais acertada. Não me arrependo, definitivamente.

Agora que Dudu já tem quase dois anos as coisas melhoraram muito. Veio a creche que me deu 4 horas diárias pra trabalhar, estudar, cuidar da casa, cuidar de mim, etc. É claro que, infelizmente, não dá pra fazer tudo isso (nem com muita programação) nessas 4 horas, mas é um "respiro". E qualquer respiro, pra mim que era mãe em tempo integral com meu "pingente" grudado em mim 24 horas por dia, era válido. E muito. Hoje em dia as questões mudaram um pouco na minha cabeça. Antes eu queria qualquer tiquinho de liberdade, agora sinto falta de sair com os amigos calmamente, sem me preocupar com hora de voltar (porque Dudu está com uma das avós, mas ele tem que dormir em casa e as avós também tem vida), ir a um cinema, ter um jantar romântico com o marido, ver uma peça de teatro, viajar com o marido ou com amigos pra aproveitar em cem por cento a viagem, etc. Esse estágio ainda me parece distante e, de vez em quando, bate uma tristeza e um pouco de frustração em relação a isso. É como se eu tivesse tanto o que fazer e não pudesse porque tive um filho. É chato e feio admitir isso, mas a sensação que dá é bem essa. Aí eu faço um esforcinho, vou fazer outra coisa e afasto esse tipo de pensamento. Mas ele existe, tá? Ele existe sim.

Começo a escrever esses textos enormes e me perco, hehehe...Coisa de quem tem filho pequeno. Chove muito na cidade e estamos "confinados" assistindo Discovery Kids e brincando com TODOS os brinquedos (que estão espalhados por TODA a casa) e, volta e meia, preciso parar de escrever pra dar uma atençãozinha. E, aí, me perco. Portanto, se eu acabar esse texto aqui, agora que a chuva aumentou e a tv por assinatura saiu do ar, vocês não achem que "está tudo sem pé nem cabeça porque ela é maluca", hehehe... Na verdade, não sou maluca, eu "estou" maluca (desde que o filhote nasceu, o que é perfeitamente normal e aceitável!), hehehe... 

É, vou acabar por aqui porque a demanda de atenção cresceu subitamente quando a tv saiu do ar. Nem vou poder revisar, então perdoem os erros e uma falta de nexo ou outra nas coisas escritas. A essência deve estar aí, eu acho. E, ah, o texto que me inspirou está aqui, ó: minhamaequedisse.

E fiquem com uma foto engraçada do Dudu (ele ainda não decidiu se é um menino ou um gato, por isso entra em todas as caixas e sacolas que encontra, até nas que ele não cabe.). Afinal, tudo que tem seu lado ruim, também tem seu lado bom. E ele é o lado bom. De tudo nessa vidinha!


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